segunda-feira, 21 de março de 2011

A imbecilização da mulher como um fenômeno social (?)

Em meu primeiro post, falei sobre como a propaganda brasileira robotiza e desensibiliza a mulher, retratando-a como uma super-mãe-esposa-profissional cujo sonho dourado é prover sua casa com amor, carinho, harmonia e limpeza, muita limpeza. É uma mulher faz-tudo, que, se bobear, ainda pinta as paredes e conserta o motor do carro do marido. Mas essa mulher não parece existir só nos comerciais de TV. Ela é real - muito real.

Hoje uma amiga perguntou-me se eu havia lido o último texto da Martha Medeiros, sobre o questionamento metafísico entre chutar ou não o pau da barraca, quando, em resumo, a mulher é o próprio pau que mantém a barraca em pé. Comentei que havia lido o texto, e que ele havia me agradado até o ponto em que Martha começa a digressionar sobre as vicissitudes da mãe-mulher-esposa contemporânea, cuja prole e marido não conseguem ao menos limpar suas partes íntimas sem a orientação da figura feminina, sempre presente. Foi aí que o texto começou a me irritar profundamente, porque tocou em um ponto bastante sensível para mim.

Essas mulheres "modernas" parecem sentir uma enorme satisfação e orgulho por poderem se queixar que, ó Céus, seus maridos e filhos não vivem sem sua infinita bondade. Elas vivem para uma espécie de diatribe em que os outros figuram como eternos vilões - são os filhos que não têm nenhuma responsabilidade ou independência, ou o marido que não se presta a dividir as tarefas domésticas - quando não é o chefe que não entende que hoje, justo hoje, ela está com uma cólica daquelas e, por isso, não está no humor para entregar um relatório com os resultados do trimestre.

Essa é aquela mulher que, cria da liberdade sexual do fim do século XX, foi programada para a independência financeira e para o sucesso profissional. E é essa mulher que, hoje - quase 50 anos depois de Betty Friedan ter escrito seu "The Feminine Mystique" e decifrado, em parte, o desespero feminino -, joga no lixo as conquistas de suas antecessoras e cria filhos incapazes de tomar as rédeas de suas próprias vidas (além de perpetuar o arquétipo do marido imprestável). Essa mulher é a mesma que se desespera quando percebe que o peso do mundo, que ironia, descansa todo sobre seus ombros cansados. Essa é a mulher que escolheu ser uma equilibrista porque acredita que é possível ser perfeita em todas as frentes - afetiva, familiar e profissional.

E com que direito essas mulheres - que fizeram escolhas e hoje pagam o preço devido por se acreditarem entidades dotadas de superpoderes - se entregam a queixumes? Suas vidas são fruto de escolhas equivocadas, superlativas, egocêntricas e narcisistas, mas o que seria delas se não houvesse um homem no meio do caminho a quem culpar?

Quando as mulheres acordarem para o fato de que são elas suas próprias inimigas, será muito tarde para nós?

2 comentários:

Unknown disse...

Ju, assino embaixo!! rs Amei o texto!! Traduziu magistralmente em palavras o que eu penso. Beijão!

Juliana A. disse...

Oi querida! Que bom que você gostou. Eu estava precisando "colocar pra fora" essas ideias, porque é revoltante que as mulheres de hoje estejam vivendo um retrocesso em relação às gerações passadas. Temos que colocar a boca no trombone... rs. Bjs!